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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Sempre passa.


Não me canso de deixar passar. Oportunidades extraordinárias e pessoas surpreendentes passam por minha vida pois ainda me encontro presa ao passado. Tenho essa busca incessante em permanecer por lá. Mas meu passado não é o mesmo: ele se soma aos novos, sempre. Vai acrescentando, ele mesmo, suas novas histórias que passam a ser velhas, como se fossem um amontoado de pastas de fotografias antigas que só contemplam os momentos principais.

Mas tenho uma metodologia para relacionamentos, um tanto quanto parecida com os tentáculos de um polvo. Quando me desprendo de um passado, passo a absorver e pertencer a outro. Isso acontece porque dificilmente me atenho ao presente. Nunca me encontro no mesmo tempo em que a pessoa que conheço. Ela me deseja agora, completa, transbordando sentimentos, disposta a viver o momento e ser feliz imensamente com ela. Eu, inconsequente, espero tudo passar para tal anseio. Espero o tempo passar, a pessoa passar, a situação propícia passar, para só então pensar no quão bom seria se estivéssemos juntos.

Lembro de tudo o que do passado me pertenceu um dia: as carícias, as prioridades, os sorrisos, as noites dormidas entre os suspiros de felicidade por me ter ali, as flores, as promessas, os pedidos, as mãos dadas. Na época, de nada me importavam estas lembranças. Agora, queria elas de volta. Por um instante ou dois, escuto as vozes antigas, nos encontro novamente, nos enxergo na minha cama, mas ai já passou. Aí eu passei. Aí o nosso tempo passou.

Ah como escutei essa frase. Mas nunca me importei inteiramente com isso, já que sabia que logo eu agiria da mesma forma com outro alguém. Egoísmo da minha parte, mas espero que passe. E talvez por tanta coisa ter passado, eu queira propositalmente que só passem, pra que um dia alguém fique, simultaneamente comigo, depois de eu ter aprendido tudo o que podia para estar inteira vivenciando o agora com este alguém.

Ficam pela estrada as tantas pegadas que deixaram, marcas de joelho consequentes dos que apelaram por amor, rastros dos que correram logo ao perceber minha loucura e pisões que tratei de deixar no caminho, neles e também em mim.

Ah, minha loucura passageira. Às vezes machuca, às vezes confunde, mas logo passa.

Um comentário:

  1. Jheine, o que posso dizer além de amei seu texto. Muitas coisas também já deixei passar por não saber aproveitar o momento propício, porque eu estava sempre esperando por um momento perfeito que no final nunca apareceu. Se tem uma coisa que aprendi é que não tem nada melhor do que aproveitar o AGORA, cada segundo é uma chance de mudar alguma coisa. E quando a gente percebe o agora já passou também.

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